Sobre as nuvens
Fui desenhando montanhas e horizontes. Carrosséis obscuros de antimatéria, sugando tudo que passasse por perto. Sugou-me, fui parar em outra dimensão.Usastes de minhas lágrimas. Fizestes rio para navegar. Foram nos prantos e nos alentos de minha solidão que achastes lugar para ficar. E ficou ali como estátua. Pedra que não se move. Cisco no olho de quem não pisca e ao mesmo tempo não quer ver.
Vamos desenhando um finito rabiscado em um pedaço de papel. Nada pode ultrapassar a barreira criada pelas margens. Nada pode fugir da limitação criada por sua cabeça. Nada pode ir além do que você vê.
Vamos criar um emaranhado de borrões. Nesse, o lógico se perde em meio as curvas de desejos. O fim, se confunde com o começo. Em um só. Nesse, não existe o erro das imperfeições. Pois a perfeição vem de dentro de sua alma. Contornando o horizonte como um arco íris. Sem pote de ouro, sem erros humanos.
Estou pelo limite de minha transcendência. Estou ultrapassando a barreira do lógico, do finito, do real. Fui navegando em nuvens de pensamentos, indo a quem do que eu poderia imaginar. Sendo quem, eu jamais imaginaria. Assim entendo o que você quer de mim. Assim entendo, que entender não me leva a lugar algum. Então flutuo, navego e volto ao real. Nas margens das quais eu não devo e não posso ultrapassar. Volto a ser linha reta, volto a ser página em branco. Assim, volto a ser nada. Nada do qual os olhos podem se incomodar.
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