Madeira
Vem de cegonha, pois teu pranto hoje está em solidão. De frauda, acuado, chorando estás. A morte bate a janela e as bruxas voam sobre o telhado. Pedras são arremessadas enquanto as arvores balançam com a intensidade dos ventos. Bico na boca, chocalho na mão. E rolavas chão a fora de tanta incomodação. E se desta barriga não nascestes, fizestes dela sua mãe.
De colo, todos perguntam o por que. Mais um para a família
de tantos? Se não tens condições, como suportar mais um passarinho no ninho? -Perguntam
os estranhos - Nosso ninho é bem grande, sempre cabe mais um. -Responde
atentamente. -Enquanto o passarinho não voa, não canta, não brilha. Todos olham
desconfiados.
Logo as asas começam
a crescer. Abre seus galhos, abrace todo ar que poder. Sinta a brisa e o
balançar das folhas. Logo chegará o inverno, vão querer te podar. Pois a sombra
que faz sobre os outros, incomoda os que parados estão.
No mar das multidões
caístes. Tu e o seu amor. Perderam-se no mover das ondas. Soltaram-se. Enquanto
subia para respirar, via ele logo ali. Ao alcance das mãos. Mas não
conseguistes alcançar enquanto lutava contra o repuxo que te seduzia para as
profundezas. Luta contra a morte. Pula para respirar. Salva tua vida antes que
o mar o leve. Salve teu amor, antes que nunca mais o veja.
Ao tocar das trombetas sentisse o grave do mi bemol.
Arrepiado ficastes em meio a uma sinfonia de destroços. De sonoros atritos com
a puberdade. A vontade de voar era grande. Mas o dó te prendia em meio a um
solo. Pois solando não estavas. Mas queria. Queria mais que tudo. Até que um
dia tocastes a ultima nota de um acorde longo. Mas que finalmente terminara com
um final feliz.
Abriram-se as cortinas do mundo. Tiraram a venda que cobria
seus olhos. E o tampão que te ensurdecia. Conhecesse o jazz, o rock e a sacanagem. Ou a
sacanagem, o rock, e o jazz, tanto faz. Todos juntos eram ainda melhores.
Olhasse para o céu. Perguntastes o porquê. E o porque ficou sem resposta. E as respostas que vieram, contradiziam o que era sabido. E o que era sabido já não fazia mais sentido. Nem era levado em consideração.
Olhasse para o céu. Perguntastes o porquê. E o porque ficou sem resposta. E as respostas que vieram, contradiziam o que era sabido. E o que era sabido já não fazia mais sentido. Nem era levado em consideração.
No teatro dos sonhos. Todos atuavam. Mas nem todos
brilhavam. No teatro dos sonhos, poucos eram princesas e príncipes. Poucos
tinham um final feliz. E você enxergou tudo isso no ultimo ato. E quando se
apagaram as luzes, você não aplaudiu. Nem chorou. Apenas ficou paralisado ali.
No ultimo instante.
E todos os dias tu lembras que não sai com os bois para
pastar. Mas mesmo assim, sempre tem vestígios de capim entalados em sua
garganta. Pois mesmo não pastando com os bovinos, chove feno do céu.
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